Existem, no concelho de Olhão, monumentos e locais que, pela sua importância histórica e arquitetura singular se destacam, devido ao papel que desempenharam na construção do seu passado. Conhecê-los é conhecer Olhão.
Os Mercados Municipais de Olhão, um dos ex-libris da cidade olhanense, começaram a ser construídos em 1912, sendo inaugurados quatro anos depois. Há quase um século que são um dos postais ilustrados de Olhão e locai de visita obrigatória para turistas e residentes.
Foram construídos roubando espaço à Ria, consolidando-se as edificações através de um processo conhecido por bate-estacas, ficando cada um dos edifícios apoiado em oitenta e oito estacas, ligados entre si através de arcos de alvenaria de tijolo. É um local a visitar, por estes e outros motivos.
Exemplo modelar da arquitetura do ferro e do vidro, o edifício, com enorme impacto urbanístico, em tijolo aparente e estrutura metálica, foi edificado para dotar a cidade de Olhão de uns mercados funcionais, o que veio a acontecer. Todos os dias, centenas de pessoas visitam os Mercados, em busca do melhor peixe, frutos e verduras.
De planta longitudinal, os Mercados são compostos por dois espaços retangulares de vértices arredondados, correspondendo ao Mercado das Verduras e ao Mercado do Peixe, sendo ambos delimitados por quatro torreões circulares envidraçados. Submetidos a obras de reabilitação nos finais do século XX, mantêm o aspeto exterior, reabrindo ao público em 1998. Uma das novidades mais recentes é o seu interior, forrado com azulejos pintados por Costa Pinheiro.
O Compromisso Marítimo de Olhão alberga, atualmente, o Museu da Cidade. É um edifício de grande valor histórico e que merece uma visita até porque, para além da sua própria história, exibe durante o ano várias exposições temporárias ou permanentes sobre temas relacionados com a cidade e o concelho.
Data de 1768 a escritura pública com os dois mestres canteiros escolhidos para a realização da obra: João dos Santos Tavares e Álvaro da Silva. O edifício, de dois pisos e três frentes com um tratamento cuidado do frontispício, ficou concluído três anos depois, conforme se pode ler na sua fachada “Esta obra foi feita à custa dos mareantes da Nobre Casa do Corpo Santo deste lugar de Olhão, em tempo do Felicíssimo Reinado do Fidelíssimo Rei Senhor D. José, o Primeiro, que Deus guarde, sendo Juiz da mesma Casa, António de Gouveia, no ano de 1771”.
O Compromisso Marítimo de Olhão, criado para apoiar os pescadores da cidade possuía, no piso térreo, uma botica (farmácia) e um açougue para serviço dos mareantes. No andar nobre localizava-se a Sala dos Despachos que apresenta uma pintura no forro de madeira da cobertura onde se destaca o brasão das armas reais portuguesas.
A edificação da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, atual Igreja Matriz de Olhão, iniciou-se em1698, abrindo ao culto, ainda inacabada, em 1715, sendo que o contrato para a construção da sua torre data de 1722. Na fachada pode ler-se: "À custa dos homens do mar deste povo se fez este templo novo, no tempo em que só haviam umas palhotas". Devido à sua imponência, atrai muitos olhares dos turistas que visitam a zona histórica de Olhão, na baixa da cidade, onde está situada.
Na segunda metade do século XVIII a sua fachada principal, uma das mais impressionantes de todo o Algarve, foi reformulada, passando a contar com um coroamento de feição triangular. No seu interior, de uma só nave e transepto ligeiramente saliente, existem cinco altares. A capela-mor tem um retábulo e arco triunfal em talha dourada, um teto decorado com um fresco e uma imagem de Nossa Senhora do Rosário.
De construção barroca e situada nas traseiras da Igreja Matriz, é constituída por dois andares, sendo o superior uma loggia. Esta capela ostenta ao centro um painel de azulejos com a Crucificação de Cristo. Muitas pessoas, tanto residentes como visitantes, atraídas pelas velas que não se apagam, seja de dia ou de noite, fazem ali as suas orações. Esta capela transformou-se num local de culto para milhares de pessoas e, como tal, é também um local de visita obrigatório.
Virada para a ampla e movimentada Avenida da República, este é ótimo ponto de partida para descobrir a cidade e o comércio local.
Monumento alusivo aos bravos homens que participaram na revolta contra os franceses em 1808, foi inaugurado em 1931, da autoria do arquiteto Carlos Chambers Ramos, que procurou harmonizá-lo com as caraterísticas principais da arquitetura tradicional olhanense.
Situado bem perto da Igreja Matriz e da Capela do Senhor dos Aflitos, junto à Avenida da República, este monumento é parte integrante da cidade, devendo fazer parte dos roteiro de todos os que queiram conhecer a história da vitória do povo olhanense contra os franceses, e a consequente expulsão destes, em 1808.
Este local de culto, cuja construção data do início século XVII, altura em que surgem as primeiras referências à existência da capela de Nossa Senhora da Soledade, à época Capela de Nossa Senhora do Rosário, passou a paroquial com a criação da freguesia de Olhão, em 1695.
É uma capela de planta longitudinal de nave única, coberta por abóbada assente em cornija, dividida em 3 tramos e iluminada por um janelão na parede de topo e por janelas nas ilhargas. De construção relativamente modesta, mas integrando elementos de alguma riqueza artística regional, como a cúpula sobre a capela-mor. No interior destacam-se os retábulos e uma imagem de Santa Luzia. Com um aspeto exterior marcado pela simplicidade, nem por isso deixa de apelar ao olhar interessado dos visitantes, que acabam por também descobrir o seu interior.
Situada na Quinta de Marim, a casa do poeta João Lúcio é de visita obrigatória para quem quer conhecer os belos chalés do início do séc. XX neste concelho. Começou a ser construído por volta de 1916, sendo a obra interrompida com a morte do seu proprietário, João Lúcio, advogado e poeta, em 1918. O edifício apresenta uma original composição.
O Chalé João Lúcio é uma casa rotativa, de planta circular, desprovida de traseiras, logo, também, de uma fachada principal. A quadratura do círculo, presente em vários sistemas de pensamento, confere a esta casa, entre outros elementos, uma forte carga simbólica. Os acessos realizam-se a partir de quatro escadas distribuídas pelos pontos cardeais: a escadaria a norte tem a forma de peixe, a sul de guitarra, a nascente de violino e a poente de serpente. Assim, o peixe representa a água, a guitarra o fogo, o violino o ar e a serpente a terra.
Ocupando uma superfície de 60 hectares, composto por zonas de mata, sapal, dunas, charcos e salinas, incluindo vários trilhos de observação da natureza, o Centro de Educação Ambiental de Marim alberga também a sede do Parque Natural da Ria Formosa, um espaço destinado à criação do cão de água português, daqui oriundo, várias habitações tradicionais recuperadas e vestígios arqueológicos de um estabelecimento de salga de peixe da época romana do século III.
Este Centro visa o desenvolvimento de atividades de sensibilização e educação ambiental e pretende representar as componentes naturais mais significativas desta área protegida, criada em 1987.
Expulsas que são as tropas francesas de Olhão, e também do Algarve, em Junho de 1808, o Caíque Bom Sucesso, ou Drago como era anteriormente conhecido, parte para o Brasil, para comunicar ao Rei a boa nova. A tripulação, oriunda de Olhão, enfrenta uma travessia tenebrosa e o seu piloto, sem qualquer aparelho de orientação ou carta marítima, guia-se por estimativa traçada num primitivo mapa, aproveitando as correntes marítimas e os ventos favoráveis. Regressados a Olhão, anunciam: o Príncipe Regente concedera ao antigo lugar de Olhão o honroso título de Vila de Olhão da Restauração.
A réplica da embarcação original, está atracada junto aos Mercados Municipais de Olhão e permite a residentes e visitantes sentirem-se parte da história dos heróicos olhanenses que rumaram ao Brasil. Mediante marcação, realizam-se passeios pela Ria Formosa nesta embarcação de dois mastros e duas velas latinas triangulares ou bastardos de, aproximadamente, 18 metros de comprimento. O Caíque Bom Sucesso, antes de 'ficar' para a história, foi utilizado na pesca ao alto, no Mediterrâneo e Norte de África e também no transporte de mercadorias para cidades como Cádis, Tânger, Lisboa ou Porto.
Constituída por um único arco de volta perfeita, a ponte de Quelfes tem levantado inúmeras questões quanto à data da sua construção. Alguns autores apontam para o séc. I d.C. relacionando-a com as diversas estradas que cruzavam o território algarvio aquando da ocupação deste pelos povos oriundos da Península Itálica. Outros ainda, encontram caraterísticas arquitetónicas do período Medieval Tardio, com uma possível reconstrução e alargamento já na Idade Moderna.
No entanto, esta estrutura guarda um significado muito especial para a população do Concelho, pois em 18 de julho de 1808 – dois dias depois de iniciada a revolta na Cidade de Olhão - é travada neste local uma batalha entre as forças leais à Coroa Portuguesa composta por homens de Moncarapacho e Olhão, contra as tropas francesas de Junot. A vitória dos olhanenses é assinalada com uma placa colocada nas imediações.
A Igreja Matriz de Moncarapacho, dedicada a Nossa Senhora da Graça, é um dos monumentos religiosos a visitar no concelho de Olhão. Tem origem medieval mas foi reconstruída no período renascentista. Destaca-se o monumental pórtico, da autoria de André Pilarte, que constitui a mais impressiva peça desta tipologia no Algarve. Este pórtico apresenta uma grande delicadeza no desenho dos elementos escultóricos, dos quais se destacam um turbulento Ecce Homo associado à representação da prisão de Cristo, figurada pelos soldados romanos e da Flagelação, representada pelas figuras com chicotes. Os grotescos que preenchem as pilastras e o friso superior são de grande qualidade plástica. No interior, imponente e solene, evidenciam-se as pinturas das capelas das Almas, do Calvário e de Santo António e a imaginária como a Nossa Senhora do Rosário e do Senhor da Paciência.
A construção da primitiva Igreja da Misericórdia remonta ao século XVI tendo sofrido, contudo, profundas obras de restauro nos séculos seguintes, pelo que merece uma visita demorada. Este templo possui planta longitudinal composta por nave única e capela-mor e alberga um retábulo maneirista, com um conjunto de seis telas, figurando cenas da vida de Cristo, executadas cerca de 1600 e atribuídas ao mestre de Tavira Boaventura de Reis.
É considerado o conjunto retabular maneirista de maior importância dos alvores do séc. XVII.
Continuando a percorrer os monumentos religiosos na freguesia de Moncarapacho, não podemos deixar de descobrir a Igreja de Santo Cristo, composta por nave e capela-mor únicas. A fachada apresenta um portal encimado por frontão interrompido ladeado por duas janelas e as paredes do seu interior são revestidas de azulejos policromos.
Este templo, de elevado valor histórico, foi local de grandes romagens durante os séculos XVII e XVIII, provenientes de todo o país e até de Espanha.
A Igreja de S. Sebastião de Quelfes, com origem no templo primitivo de finais do século XV, sofre uma grande transformação na segunda metade do século XVI, que lhe confere o seu aspeto actual. Inclui-se na tipologia de igrejas da transição do período Manuelino para o Renascimento, de capela-mor quadrada com abóbada de nervuras e três naves, quatro tramos e com cobertura de madeira. Evidencia-se o arco triunfal manuelino muito decorado, com grande qualidade escultórica, enquanto que a porta principal é já renascentista, com alçado retangular, enquadrada por duas pequenas pilastras lisas e capitéis de baços curvos. Mais uma jóia da arquitetura para quem aprecia arte religiosa!